Divisão

Aprender divisão é mais que dividir

Não basta ensinar o algoritmo. A garotada precisa analisar os termos da operação, inclusive o resto. Muitas vezes, ele faz parte da resposta

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=== PARTE 1 ====
Conta de divisão. Ilustrações: Andréa Branco
Você sabe que as crianças lidam com a divisão no dia a dia desde a Educação Infantil. Por exemplo: para distribuir 6 balas para 3 colegas de maneira que todos ganhem a mesma quantidade, elas usam estratégias como desenhar os doces e os amigos e traçar linhas, contar nos dedos, montar tabelas para relacionar os dados ou fazer somas sucessivas.

As dificuldades com a operação começam quando aparece a conta armada - a estrutura dela não revela de modo claro outras operações utilizadas durante o processo: a multiplicação e a subtração. É preciso, então, ir além do algoritmo. Ao considerar os modos de resolução dos estudantes e apresentar questões que envolvem mais que a resolução dos cálculos, a turma é desafiada a explorar a quantidade global envolvida e não somente o valor posicional dos números.

Para trabalhar com a garotada de 4º e 5º anos, duas atividades são essenciais: o estudo das relações entre os termos da divisão e a análise do resto. Confira como cada uma delas deve ser encaminhada.

Estudo das relações entre os termos

Proposta que vai além de mostrar aos alunos que o quociente multiplicado pelo divisor e somado ao resto equivale ao dividendo (q x d + r = D). O objetivo é apresentar problemas como o do quadro na página seguinte. Eles foram resolvidos por alunos do 5º ano da Escola Projeto Vida, na capital paulista. A tarefa solicitada não é calcular, mas analisar os valores para que a relação entre eles faça sentido. "As crianças podem começar testando diversos números e conferir a validade deles montando a conta, para depois sistematizar o aprendizado. Aí a regra faz sentido", explica Ana Maria Hungria, professora da turma. Com o avanço no domínio dessas relações e dos papéis de cada termo, Mercedes Etchemendy e Paola Tarasow, pesquisadoras argentinas especialistas em Didática da Matemática, sugerem apresentar à meninada questões como esta: "Proponha uma conta de dividir em que o divisor é 45 e o resto 12. Existe apenas uma? Ou mais? Por quê?". O objetivo, nesse caso, é compreender que, para achar o dividendo, é necessário conhecer o quociente, mas, como não há restrições ao valor dele, é possível usar qualquer número inteiro positivo - e, portanto, as soluções são infinitas (D = 45 x 0 + 12, D = 45 x 1 + 12, D = 45 x 2 + 12 etc.). Outro exemplo: "Proponha uma conta de dividir em que o divisor é 5 e o quociente é 12. Existe apenas uma? Ou mais?" Para reponder, os alunos precisam levar em conta que o resto só pode assumir os valores 0, 1, 2, 3 e 4, pois tem de ser menor que o divisor. Levando isso em conta, as possibilidades são cinco (D = 5 x 12 + 0 = 60; D = 5 x 12 + 1 = 61; D = 5 x 12 + 2 = 62; D = 5 x 12 + 3 = 63, D = 5 x 12 + 4 = 64).
Estudo das relações entre os termos. Ilustrações: Andréa Branco
Estudo das relações entre os termos Os problemas apresentam alguns elementos e os alunos têm de calcular o que falta. Assim, eles constroem a ideia de que o dividendo é o resultado da multiplicação entre o quociente e o divisor somado ao resto.
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